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Contação de histórias é imprescindível para formação de leitores

Débora Costa


José Mauro Brant começou sua trajetória no teatro em 1987, cantando e atuando. Trouxe para Passo Fundo o espetáculo Contos, cantos e acalantos, que fez parte da programação da 1ª Jornadinha Nacional de Literatura. O espetáculo tem como objetivo principal trazer de volta o prazer de contar e ouvir histórias, através do resgate do ato de acalentar. Quando a criança ouve histórias, músicas e versos ela está entrando em contato com o conhecimento do seu povo e recebendo as primeiras mensagens do mundo. Hoje existem muitas pesquisas que garantem que a contação histórias é imprescindível para a formação do leitor, comprovando que, ao mesmo tempo em que a criança entra em contato com o mundo fantástico da imaginação, ela também começa a formular o seu conceito de realidade. Contos, cantos e acalantos é resultado de uma pesquisa de cinco anos, quando Brant estudou a fundo o folclore brasileiro, analisando lendas, contos, versos, e músicas.


Após o início da sua carreira no teatro, como surgiu a idéia de viajar pelo interior do Brasil contando e recolhendo histórias típicas de cada região?
Isso começou quando eu me apaixonei pela questão do contador de histórias, foi quando eu conheci o PROLER (Programa Nacional de Incentivo à Leitura), no Rio de Janeiro, na Casa da Leitura, e esse projeto já chegou até Passo Fundo. Em 1993 eu fiz uma oficina de contadores de histórias e, a partir daí, comecei a contar histórias e viajar. Contando literatura nos cantos do Brasil é que eu fui descobrindo o folclore, descobrindo que cada lugar tinha suas histórias, peculiaridades e diferenças e eu comecei a montar esses espetáculos com histórias que fui conhecendo nesse caminho.

Como analisa a perda do hábito de contar e ouvir histórias. Quais suas causas e o que isso ocasiona?
Eu acho que as causas e conseqüências nós vivemos aqui no espetáculo. As crianças estão acostumadas com barulhos, é Xuxa...(risos) Agora, se você chega a parar e contar uma história as crianças não sabem mais ouvir, aqui eu estive ouvindo: é tudo festa, circo, olha quem quer mais banana, quem quer tudo... Mas leitura é um momento de concentração, de focalização. E a infância está perdendo muito, é muito triste de ver as crianças que eu vi hoje no espetáculo sem capacidade de ouvir e de escutar, influenciados para bater palma. Se é para dançar, tá todo mundo querendo, mas porque que não param para pensar. Isso reflete-se na família porque os pais não têm mais diálogo com os filhos, é só cada um com sua televisão no seu quarto, é uma cultura da individualização, uma coisa repugnante. Hoje precisamos ligar a TV para ver a Xuxa dizer baixinho eu te amo, gerando um futuro muito triste. Eu luto muito por um teatro em que as crianças possam ouvir, sem esse preconceito estabelecido de que a criança pode curtir num outro tom, numa outra freqüência e para isso ela tem que estar disposta.

Você considera que promoções com a Jornadinha podem ajudar a mudar essa realidade?
A iniciativa é muito louvável. É uma explosão, uma semente que, com certeza, em um momento de outra ambiência as crianças vão poder aproveitar muito mais e realmente viver a leitura. Aqui é uma festa, um convite, mas a leitura não está aqui, elas vão levar para casa e fazer a sua história, o seu espaço de leitor.

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